O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais denunciou à Justiça o consultor financeiro Jader Kalid Antônio, acusado de ter ajudado o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e outros envolvidos no esquema do mensalão a enviar recursos ao exterior para pagamento do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha presidencial do PT em 2002. A denúncia é resultado do desmembramento do processo do mensalão, julgado em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O TUDO não localizou advogados de defesa de Kalid para comentar o caso.
De acordo com o MPF, Kalid, que admitiu em depoimento à Polícia Federal (PF) atuar como doleiro, foi responsável pelo envio, em 17 de junho de 2003, de mais de US$ 131 mil para a conta da offshore Dusseldorf Company no Bank Boston International, em Miami (Estados Unidos). A empresa pertencia a Duda Mendonça e à sócia dele Zilmar Fernandes da Silveira, absolvidos pelo Supremo.
Para o dinheiro chegar à conta de Duda Mendonça, passou primeiro por uma conta no Israel Discount Bank, em Nova York, que autoridades dos EUA confirmaram ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) pertencer à empresa Kanton Business Corp., com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. O consultor financeiro era o único procurado e signatário da conta bancária da Kanton e o endereço informado ao banco de Nova York era o da residência dele em Belo Horizonte.
Kalid assumiu à PF que era o titular da conta e afirmou que fez o envio do dinheiro a pedido do empresário Ramon Hollerbach Cardoso, sócio de Valério nas agência de publicidade DNA e SMP&B e foi condenado a mais de 29 anos de prisão pelo STF. A pena foi a segunda maior imposta aos acusados de envolvimento no mensalão e é menor apenas do que a sentença contra Valério, que passa de 40 anos de prisão.
De acordo com o MPF, as investigações em torno de Kalid foram desmembradas do processo do mensalão a pedido do então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, por causa da evidência de outras operações ilegais. O consultor pode ser condenado a até 6 anos de prisão por evasão de divisas e ainda responde a mais duas ações na Justiça Federal pelo mesmo crime e lavagem de dinheiro. Kalid não foi encontrado na tarde desta quinta-feira. Ele também é acusado de envolvimento com o ex-deputado federal Juvenil Alves, cassado em 2009 acusado de irregularidades na eleição de 2006.