Oscar Niemeyer do político ao arquiteto. Em 1945 ingressou no PCB iniciando uma longa amizade com Prestes, a quem na velhice ajudaria a sustentar. “Fui sempre um revoltado. Da família católica eu esquecera os velhos preconceitos, e o mundo parecia-me injusto, inaceitável. A miséria a se multiplicar como se fosse coisa natural e aceitável. Entrei para o Partido Comunista abraçado pelo pensamento de Marx.”
Marxista convicto, militou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) durante várias décadas, mudou-se para a França durante a ditadura militar e manteve amizade com Luís Carlos Prestes e Fidel Castro.
Niemeyer nasceu em 15 de dezembro de 1907 no Rio, filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro da Almeida. Sua família tinha ascendência portuguesa, árabe e alemã. Cresceu no bairro de Laranjeiras, onde se casou com Annita Baldo em 1928.
Em 1929, iniciou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes, dirigida pelo também arquiteto Lucio Costa, com quem Niemeyer começou a trabalhar em 1932.
Em 1934, obteve diploma de engenheiro e arquiteto. Dois anos depois, conheceu o arquiteto modernista Le Corbusier. A obra do francês o influenciou de forma decisiva.
Viajou aos Estados Unidos em 1938 e elaborou o projeto do Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
Regressou a Nova York em 1947, onde participou, ao lado de arquitetos do mundo todo, do projeto da sede da ONU (Organização das Nações Unidas).
Em 1950, foi publicada a obra “The Work of Oscar Niemeyer” (“O Trabalho de Oscar Niemeyer”), do arquiteto e historiador grego Stamo Papadaki, que ajudou a divulgar o arquitetura de Niemeyer no exterior.
Em 1954, fez sua primeira viagem à Europa, onde conheceu França, Itália, Alemanha, República Tcheca e a União Soviética.
No ano seguinte, fundou a revista “Módulo”, que circulou, em edições mensais, até 1965, quando sua publicação foi interrompida pelo governo militar –a revista foi retomada em 1975 e editada até 1987.
Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo presidente e amigo Juscelino Kubitschek para projetar a nova capital do país e organizar o concurso para a escolha do plano piloto, vencido por Lucio Costa. Dois anos depois, Niemeyer mudou-se para Brasília.
Em 1962, foi nomeado coordenador da Escola de Arquitetura da recém-fundada UnB (Universidade de Brasília), após convite do reitor Darcy Ribeiro. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Lênin da Paz, concedido pela União Soviética.
Em 1964, quando estava em Lisboa, recebeu a notícia do golpe que instaurou a ditadura militar. Retornou ao país no final do ano, após passagem por Israel. “Levei um grande susto com a notícia do golpe. Durante três dias, não descolava o ouvido do rádio, na expectativa de uma boa notícia qualquer. Nada se passava e nós estávamos aflitos, temendo um novo período de opressão e obscurantismo. Foi em abril de1964”, recordou Niemeyer.
Em 1965, demitiu-se da UnB assim como outros 200 professores, em protesto contra a influência militar na universidade. Na época, a sede da revista “Módulo” foi parcialmente destruída, e o escritório de Niemeyer, saqueado.
Em 1968, mudou-se para a Argélia para dedicar-se a vários projetos, a convite do presidente do Conselho Revolucionário Argelino, Houari Boumediène, líder da independência do país. Quatro anos depois, Niemeyer voltou a Paris, abrindo um escritório na famosa avenida Champs-Élysées.
No ano de 1975, publicou, em Milão, na Itália, seu primeiro livro (“Oscar Niemeyer”), que traz uma retrospectiva de sua obra e trajetória. Em 1978, de volta ao Brasil, participou da fundação e foi eleito presidente do Cebrade (Centro Brasil Democrático). Em 1988, recebeu o Prêmio Pritzker de arquitetura, e, no ano seguinte, foi condecorado na Espanha com o prêmio Príncipe de Astúrias.
Na década de 90, Niemeyer foi premiado com a medalha do Colégio de Arquitetos de Catalunha (em 90), com o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza (em 96) e com a tradicional Royal Gold Medal (em 98), concedida pelo Instituto Real dos Arquitetos Britânicos. No mesmo ano, publicou um livro de memórias: “As Curvas do Tempo”. Em 1999, lançou sua primeira obra de ficção, “Diante do Nada”.
A mulher do arquiteto, Annita, morreu em 2004; dois anos depois, Niemeyer casou-se com Vera Lúcia, que era sua secretária.
Em 2007, ao completar cem anos de idade, Niemeyer recebeu diversas homenagens e foi tema de muitas exposições e eventos. No ano seguinte, fundou no Rio a revista “Nosso Caminho”. Dois anos depois, aventurou-se no mundo da música, com o disco de samba de raiz “Tranquilo com a Vida”, gravado em parceria com seu enfermeiro Caio Almeida e com o músico Edu Krieger.
Também em 2008 foi inaugurada uma escultura do brasileiro em homenagem ao povo cubano na Universidade de Ciências Informáticas de Havana; um presente de Niemeyer ao líder Fidel Castro.
Em 25 de março de 2011 foi inaugurado em Avilés, na Espanha, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, mas o espaço foi fechado nove meses depois, por determinação do governador da província. O fechamento irritou Niemeyer e provocou protestos na cidade.
No dia 8 de fevereiro de 2012, em sua última grande aparição em público, o arquiteto acompanhou a inauguração do sambódromo do Rio, que havia passado por reformas de ampliação e adequação da obra ao projeto original.
Na ocasião, Niemeyer foi aplaudido por operários da obra e agradeceu: “Estou muito feliz. Essa obra não é só minha, é do grupo que trabalha comigo. Estou muito contente e entusiasmado em ver um trabalho como esse, que foi feito para alegrar o povo.”