Existe um mito em BH de que edificações destinadas a estacionamentos, tanto os subterrâneos quanto para os edifícios garagem trazem prejuízos para o trânsito e para os locais onde são construídos. Será? Fico imaginando a cidade de Nova York sendo administrada pelos “brilhantes” urbanistas e engenheiros que pensam BH. É bem provável que não seria a capital do mundo, local de oportunidades e prosperidade, onde milhões de pessoas vivem, trabalham e são felizes. É consenso no time de pensadores municipais que se o Túnel da Lagoinha não existisse e tivesse que ser construído hoje, possivelmente não sairia do papel. Defendem uma cidade estática, esquecendo que a Polis é um organismo vivo em constante mutação.
E isso vale para qualquer uma das mais de 100 intervenções que a cidade precisa e que exige planejamento, visão de longo prazo e uma doze de ousadia. Aqui a tese de que um viaduto serve apenas para mudar o local do congestionamento é dada como verdade absoluta. Estamos a mercê de administradores tacanhos, com visão limitada, calçados em discursos arraigados e conservadores. Falta a todos eles, a originalidade necessária para quem tem a missão de pensar e prever o futuro, antecipando soluções. Inexplicavelmente, o legado de JK não lhes serve de inspiração. Tentam copiar modelos de cidades Europeias com mais de 2000 anos, onde a topografia e o clima, além da cultura, são bem diferentes da BH projetada por Aarão Reis e que parou no tempo, contentando-se com puxadinhos no lugar de obras.
Pensar que edificações que permitam tirar carros das ruas saturadas, deixando elas e os passeios livres para os Cidadãos é negativo, é desconhecer a realidade, é fingir não ver o óbvio. A cultura do carro, cuja matriz está nos EUA e não na Europa, veio para ficar, e engana-se quem acha que exorciza-lo é o caminho. Sem transporte coletivo decente, a indústria automobilística, que emprega hoje 12% da mão de obra economicamente ativa e representa 18% do PIB, tende a crescer e prosperar. Com efeito, quem acha que o caminho é limitar o uso do carro, em uma cidade que caminha para ter 2 milhões de veículos, está completamente fora dos trilhos. Edificações destinadas a estacionamentos, sejam eles subterrâneos ou vertilizados, não só são bem vindos, como tornam-se cada vez mais urgentes. É questão de bom senso.
José Aparecido Ribeiro
Consultor em Mobilidade e Assuntos Urbanos
Presidente do CEPU ACMinas
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