A decisão do Conselho de Administração da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) de não renovar as concessões de 18 usinas hidrelétricas da empresa irá prejudicar o plano de diminuição nos valores das contas de luz dos brasileiros. Segundo o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, a energia elétrica deve ficar 16,7% mais barata a partir de 2013.
O percentual é inferior aos 20,2% anunciados pela presidenta Dilma Rousseff, em setembro. O fato é atribuído à recusa da Cemig e das companhias Energética de São Paulo (Cesp) e Paranaense de Energia (Copel) em aderir à proposta do governo implementada pela Medida Provisória 579.
“A decisão dessas empresas estaduais, que decidiram pela não prorrogação, está causando diretamente, o impacto de não atingir a meta de 20,2%. Estranhamos que essas empresas preferiram priorizar os acionistas do que a população”, disse o secretário executivo.
Os três estados que rejeitaram parcialmente os contratos na área de geração de energia são governados pelo PSDB. Segundo reportagem publicada no site do jornal O Globo, a posição conjunta foi uma resposta política articulada com a cúpula do partido.
“Agora, para evitar um impacto eleitoral negativo, os líderes tucanos terão de convencer a população de baixa renda que essa não é uma posição contra a redução das tarifas de energia elétrica”, ressalta a matéria.
Aécio Neves anunciou a decisão da Cemig enquanto discursava na tribuna do Senado. Ele criticou a forma como o governo federal tenta reduzir a tarifa. Segundo o político mineiro, a medida gera quebras de contrato e, dessa forma, o setor privado não estará disposto a investir na área energética.
Diretoria da Cemig tenta justificar decisão
A Diretoria da Cemig informou durante a terça-feira (3) que, apesar da decisão tomada, a empresa se empenha para contribuir com o Governo federal no que diz respeito a reduzir as tarifas de energia elétrica para o consumidor brasileiro.
“Desde o primeiro momento, fomos a favor do programa do Governo Federal de reduzir o custo da energia para a população e a indústria. Por isso, estamos contribuindo em aceitar as novas regras para a transmissão. Entretanto, no que diz respeito à geração, após todas as análises criteriosamente realizadas não foi possível aderir”, explicou o presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais.
De acordo com o presidente da Cemig, a maioria dos ativos abrangidos pela MP 579 tem mais de 40 anos de operação. “Sempre a Cemig foi reconhecida com o cuidado na operação desses ativos. Algumas usinas têm mais de 60 anos de existência. Operamos esses ativos de geração com todo o zelo no sentido de oferecer segurança e qualidade nos serviços. Entretanto, as novas regras colocadas pelo governo não nos asseguram condições como sempre fizemos nos 60 anos de existência da empresa”, assinalou.
Djalma Bastos de Morais lembra os desafios de operar hidrelétricas em função da necessidade de cumprir condicionantes com os órgãos de regulação, as comunidades que vivem no entorno dos reservatórios e entidades e órgãos ambientais, além do mercado abastecido por essa geração.
Foto: Reprodução/Cemig