A Casa do Baile, centro de referência em arquitetura, urbanismo e design da Fundação Municipal de Cultura (FMC), passa, a partir deste mês, por uma série de restaurações em seu edifício. A intenção é valorizar este importante bem da cidade, atualmente tombado nas três esferas do patrimônio cultural, e também contribuir para a sua manutenção e conservação. O espaço, que está fechado para o público, será reaberto em junho.
No prédio da Casa do Baile serão realizadas a limpeza dos mármores, a recuperação do piso em taco do salão de exposição, a recuperação das esquadrias metálicas da fachada, a impermeabilização da cobertura e também as pinturas interna e externa. A série de intervenções atinge também os jardins do paisagista Roberto Burle Marx. No local serão feitas a supressão e plantio de espécies, a revitalização da iluminação, do sistema de irrigação e também do calçamento.
Segundo Guilherme Araújo, gestor da Casa do Baile, as intervenções irão resolver alguns problemas construtivos na edificação e nas áreas externas, diagnosticados por técnicos especializados. “A restauração possibilitará a recuperação de características importantes da Casa do Baile, que contribuíram para o seu reconhecimento como patrimônio cultural pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também pelo Patrimônio Cultural do Município. Por outro lado, as intervenções possibilitarão ao público uma melhor fruição do espaço, bem como mais segurança”, conclui.
Ainda não há uma programação definida para o retorno da Casa do Baile, em junho. No entanto, Luciana Féres, diretora de Políticas Museológicas da FMC, afirma que o espaço estará pronto para a celebração dos 70 anos do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da Pampulha. Ainda segundo Luciana, a Casa do Baile continuará seu papel como centro de referência da arquitetura, urbanismo e design e terá também um papel importante na candidatura da Pampulha ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, uma vez que sediará o escritório regional da comissão de notáveis responsável por transformar esta proposta em realidade.
História
Referência da arquitetura moderna brasileira, o projeto original e o paisagismo da Casa do Baile foram concebidos por Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, que propunham uma integração total com o ambiente da Lagoa da Pampulha. Niemeyer afirma ter sido o projeto com o qual ele se ocupou das curvas (sua marca registrada) com mais desenvoltura. Inaugurada em 1943, a edificação comportava um restaurante com pista de dança, cozinha e toaletes. Situada em uma ilha artificial, ligada por uma pequena ponte de concreto à orla, a Casa do Baile foi projetada com a finalidade de criar na Pampulha um espaço de diversão popular.
Como espaço de lazer e entretenimento nas noites belo-horizontinas, a Casa do Baile logo se tornou palco de atividades musicais e dançantes frequentadas pela sociedade mineira. A proibição do jogo no Brasil, em 1946, resultou no fechamento do Cassino, atual Museu de Arte da Pampulha (MAP), o que afetou o funcionamento da Casa do Baile, fazendo com que esta encerrasse suas atividades. A partir desta data, sob a administração da Prefeitura, o espaço abrigou vários usos e variados fins comerciais. Nos anos 80, funcionou como anexo do MAP, como restaurante e acabou novamente fechada. Em 2002, a Casa do Baile foi reaberta após uma restauração, realizada sob a coordenação do próprio Oscar Niemeyer, com a colaboração dos arquitetos Álvaro Hardy e Mariza Machado Coelho. Desde então, a Casa do Baile funciona como Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e Design.