Não é de hoje que a agenda do presidente do STF é voltada para a defesa da atividade da mídia. Recentemente, Joaquim Barbosa participou de Conferência da Unesco em comemoração ao Dia Mundial pela Liberdade de Imprensa. Agora, tem marcada presença em congresso de jornalismo investigativo, onde falará sobre a relação do judiciário com a imprensa e o desafio da cobertura jornalística sobre o assunto. Mas como ele, que chamou um jornalista de “palhaço” e o mandou “chafurdar no lixo”, poderá abordar o tema?
Há meses o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) tenta posar de grande defensor da liberdade de imprensa. Se olharmos sua agenda recente, encontraremos eventos como o do último dia 3, na Costa Rica, onde Joaquim Barbosa foi o principal orador da Conferência Internacional em Comemoração ao Dia Mundial pela Liberdade de Imprensa, promovida pela Unesco, braço de Educação da ONU. Antes disso, ele chegou a receber, em seu gabinete, o relator especial da ONU sobre Liberdade de Expressão, Frank de La Rue, e jornalistas que o entregaram um relatório do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) sobre a situação dos países americanos em relação às ameaças à liberdade de imprensa.
Nada mais correto para um presidente da Corte Suprema de um país, não fosse o seu comportamento contraditório. No início de março, Barbosa chamou de “palhaço” e mandou “chafurdar no lixo” o repórter do jornal O Estado de S.Paulo Felipe Recondo. Tudo porque ele tentava fazer perguntas sobre críticas feitas a Barbosa por entidades que representam os magistrados. As associações se incomodaram com a declaração do presidente do Supremo em uma entrevista coletiva, quando ele disse que os juízes brasileiros têm cultura pró-impunidade. Mas Barbosa se revoltou e não quis responder. Na presença de jornalistas de vários veículos, se voltou para Recondo, aos gritos: “Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre”.
Se Joaquim Barbosa não é capaz de receber tranquilamente uma simples pergunta sobre o Judiciário – a respeito de algo que ele próprio havia dito – difícil será discorrer sobre o tema do próximo evento que estará junto à imprensa. Em outubro, o ministro participará do 8º Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), no Rio de Janeiro, onde irá abordar a relação do judiciário com a imprensa e o desafio da cobertura jornalística sobre o assunto. O encontro acontecerá com outros dois eventos internacionais sobre jornalismo investigativo. Será que ele dará exemplos da relação da corte que ele preside com os jornalistas dos veículos brasileiros?
fonte 247